Nitrogênio nas plantas: funções, importância e manejo eficiente

Por My Farm Agro  — Cuiabá/MT

O nitrogênio (N) é o nutriente mais importante para o crescimento e a produtividade das plantas.
Ele está diretamente ligado à formação de proteínas, enzimas, clorofila e tecidos vegetais, desempenhando um papel essencial nos processos de fotossíntese e metabolismo energético.

Neste artigo, você vai entender como o nitrogênio atua na fisiologia das plantas, quais são os principais sintomas de deficiência, e quais as melhores estratégias de manejo via solo e via foliar para garantir alta produtividade com eficiência no uso do nutriente.

Por que o nitrogênio é tão importante para as plantas

O nitrogênio é o motor do metabolismo vegetal.
Ele participa de praticamente todos os processos bioquímicos que sustentam o crescimento das plantas — desde a divisão celular até a produção de grãos.

Funções do nitrogênio na fisiologia vegetal

  • Síntese de proteínas e aminoácidos: o N é o principal componente do grupo amina (–NH₂), essencial para a formação de proteínas estruturais e enzimáticas.

  • Formação da clorofila: indispensável para a fotossíntese e conversão de energia solar em energia química.

  • Ativação enzimática: especialmente da Rubisco, enzima responsável pela fixação de carbono.

  • Formação de ácidos nucleicos (DNA e RNA): controla divisão e diferenciação celular.

  • Expansão foliar: o N promove crescimento vegetativo, aumento de área fotossintética e vigor.

💡 Curiosidade: cerca de 50% do nitrogênio das folhas está presente na Rubisco, a principal enzima da fotossíntese.

Sintomas de deficiência de nitrogênio nas plantas

O nitrogênio é um nutriente altamente móvel dentro da planta.
Por isso, quando há deficiência, o elemento é redistribuído para os tecidos novos, e os primeiros sintomas aparecem nas folhas mais velhas.

Como identificar a falta de nitrogênio

  • Amarelecimento (clorose) uniforme das folhas inferiores;

  • Redução do crescimento vegetativo e da emissão de novas folhas;

  • Diminuição da área foliar e do vigor da planta;

  • Em estádios mais avançados, a clorose se estende para toda a planta, comprometendo a fotossíntese.

Característica Descrição
Mobilidade Alta
Local do sintoma Folhas velhas
Sinal visual típico Clorose uniforme
Impacto fisiológico Redução da fotossíntese e do crescimento

Dica: a deficiência de nitrogênio causa amarelecimento nas folhas velhas, enquanto a deficiência de enxofre (S) aparece primeiro nas folhas novas.

Fixação biológica de nitrogênio (FBN): a principal fonte natural de N

Nas leguminosas, como a soja e o feijão, o nitrogênio atmosférico (N₂) pode ser convertido em formas assimiláveis pelas plantas através da fixação biológica de nitrogênio (FBN).
Esse processo ocorre em simbiose com bactérias do gênero Bradyrhizobium, localizadas nos nódulos das raízes.

Fatores que afetam a eficiência da FBN

  • Cepa e qualidade do inoculante;

  • Disponibilidade de molibdênio (Mo) e cobalto (Co), cofatores da enzima nitrogenase;

  • Suprimento de enxofre (S), necessário à síntese de ferredoxina;

  • pH do solo entre 6,0 e 6,5 e boa aeração;

  • Temperatura e umidade adequadas para a atividade microbiana.

Mesmo com boa inoculação, a falta de Mo ou S pode reduzir drasticamente a atividade dos nódulos e a eficiência da fixação de N.

Absorção e redistribuição do nitrogênio nas plantas

A absorção de nitrogênio ocorre ao longo de todo o ciclo da cultura, mas com picos de demanda específicos.
Em culturas como soja e milho, as fases de florescimento e enchimento de grãos são as que mais exigem nitrogênio.

Cultura Fase de maior absorção de N Exportação pelos grãos (%)
Soja Florescimento e enchimento (R2–R6) 60–70%
Milho Pendoamento e granação (VT–R3) 55–65%
Trigo Perfilhamento e espigamento 50–60%

Durante a maturação, o N é remobilizado das folhas para os grãos, o que explica o amarelecimento natural das folhas no final do ciclo.

Manejo do nitrogênio no solo

O manejo eficiente do nitrogênio no solo é fundamental para reduzir perdas e aumentar a eficiência de uso.
As principais formas de adubação incluem ureia, nitrato de amônio e sulfonitrato, que podem ser aplicadas em diferentes momentos e modalidades.

Boas práticas para manejo do N via solo

  • Dividir a adubação em doses menores ao longo do ciclo da cultura;

  • Evitar aplicações superficiais sob alta temperatura ou baixa umidade;

  • Realizar correção do pH antes da adubação;

  • Utilizar inibidores de urease e nitrificação para reduzir perdas por volatilização;

  • Manter equilíbrio com enxofre (S) — relação ideal N:S de 10:1.

Uma adubação nitrogenada eficiente depende do equilíbrio entre oferta e demanda da planta, evitando tanto o déficit quanto o excesso de N.

Nutrição foliar com nitrogênio: quando e como aplicar

A adubação foliar é uma estratégia complementar ao manejo de base, usada para corrigir deficiências pontuais ou estimular o metabolismo em momentos de alta demanda.

Fonte foliar Vantagem Recomendação técnica
Ureia técnica Alta concentração (45% N) Aplicar em baixas doses e temperaturas amenas.
Aminoácidos / hidrolisados Fornecem N orgânico e estimulam o metabolismo Excelente em condições de estresse.
Nitrato de potássio N + K combinados Promove equilíbrio osmótico e rápida resposta.

Faça as aplicações em horários frescos, com boa umidade e baixa radiação solar.
O nitrogênio foliar tem efeito rápido, mas curto residual, sendo ideal como manejo de suporte.

Interações do nitrogênio com outros nutrientes

O nitrogênio não atua isoladamente.
Sua absorção e utilização eficiente dependem de relações sinérgicas com outros nutrientes, especialmente enxofre, molibdênio, cobalto e potássio.

Nutriente associado Tipo de interação Efeito fisiológico
Enxofre (S) Sinergia direta Necessário à síntese de aminoácidos sulfurados (metionina, cisteína).
Molibdênio (Mo) Cofator enzimático Essencial à enzima nitrogenase na FBN.
Cobalto (Co) Estímulo simbiótico Favorece nodulação em leguminosas.
Potássio (K) Sinergia osmótica Aumenta transporte e assimilação de compostos nitrogenados.

Desequilíbrios como excesso de N e baixo S reduzem a eficiência metabólica e podem provocar sintomas de deficiência fisiológica.

Como monitorar o nitrogênio na lavoura

O monitoramento constante é fundamental para ajustar o manejo conforme a necessidade real da planta.

Principais ferramentas:

  • Análise foliar: determina o teor de N total (ideal entre 3,5 e 5,0% nas folhas).

  • Medidor SPAD: avalia o teor de clorofila e indica o status nutricional em tempo real.

  • Análise de solo: mostra as formas disponíveis de N (NO₃⁻ e NH₄⁺).

  • Observação visual: complemento importante para diagnóstico rápido em campo.

A combinação entre SPAD + análise foliar permite monitorar a eficiência da adubação e ajustar doses com precisão.

Conclusão: equilíbrio e eficiência são a chave no manejo do nitrogênio

O nitrogênio é o nutriente da produtividade, essencial para o metabolismo e para a formação de grãos.
No entanto, seu manejo exige precisão fisiológica: a falta reduz o crescimento e a fotossíntese, enquanto o excesso prejudica o equilíbrio nutricional e a sustentabilidade da lavoura.

Pontos-chave para um manejo eficiente de N

  • O nitrogênio deve ser sincronizado com a demanda da cultura.

  • A fixação biológica (FBN) é a principal fonte para leguminosas.

  • A adubação foliar é um complemento estratégico, não substitui a de base.

  • Manter a relação N:S próxima de 10:1 aumenta a eficiência metabólica.

  • A integração entre análise foliar, solo e fisiologia é fundamental para decisões assertivas.

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