A adubação foliar é uma das ferramentas mais eficientes para corrigir deficiências nutricionais e potencializar a performance fisiológica das plantas.
Porém, sua eficácia depende de compreender como os nutrientes são absorvidos, translocados e utilizados internamente — e é exatamente isso que exploramos neste artigo, baseado no conteúdo técnico da Aula 3 do Curso Intensivo de Nutrição Foliar da FarmFlix.
O caminho do nutriente: da gota à célula vegetal
Quando o fertilizante é aplicado sobre as folhas, ele precisa atravessar barreiras físicas e químicas até chegar ao interior da célula.
As principais vias de absorção são:
1. Via cuticular
A cutícula é a primeira barreira, uma camada lipídica e cerosa que protege a folha.
A penetração ocorre principalmente pelas microfissuras e poros hidrofílicos que permitem a passagem de soluções aquosas.
A eficiência depende de:
-
Espessura e composição da cutícula;
-
Umidade relativa do ar (ideal acima de 60%);
-
Tempo de permanência da gota na superfície.
Dica técnica:
Folhas jovens e ativas apresentam cutícula mais fina e maior permeabilidade, são os melhores alvos para adubação foliar.
2. Via estomática
Os estômatos também podem atuar como porta de entrada, especialmente sob alta umidade e temperatura amena.
Porém, essa via é secundária e variável, já que os estômatos fecham-se em condições de estresse térmico ou hídrico.
Mobilidade e translocação dos nutrientes na planta
Após serem absorvidos, os nutrientes precisam se movimentar internamente para alcançar os tecidos de maior demanda.
Esse processo ocorre através de dois sistemas de transporte:
| Sistema | Direção de fluxo | Nutrientes transportados | Características |
|---|---|---|---|
| Xilema | Raiz → folha | Ca, Mn, Zn, B (baixa mobilidade) | Depende do fluxo de transpiração |
| Floema | Folha → tecidos jovens, flores e frutos | N, P, K, Mg, S, Fe, Mo | Transporta nutrientes móveis |
A mobilidade no floema é o fator que define a duração e a eficiência da adubação foliar.
Nutrientes móveis (como N, K e Mg) se redistribuem com facilidade, enquanto nutrientes imóveis (como Ca e B) precisam de reaplicações frequentes para alcançar tecidos em crescimento.
Conexão fisiológica:
Nutrientes móveis geram resposta rápida e ampla.
Já os imóveis têm ação localizada e exigem manejo contínuo.
Fatores que afetam a absorção foliar
A eficiência da adubação via folha não depende apenas do produto, mas do conjunto de fatores fisiológicos, climáticos e operacionais no momento da aplicação.
1. Fatores fisiológicos
-
Idade da folha: folhas novas têm maior permeabilidade.
-
Estado metabólico: plantas sob estresse reduzem absorção.
-
Turgescência: folhas desidratadas têm cutícula espessada.
2. Fatores ambientais
| Fator | Faixa ideal para aplicação | Efeito fora da faixa |
|---|---|---|
| Temperatura | 20–28 °C | >30 °C causa evaporação rápida e fechamento estomático |
| Umidade relativa | >60% | <50% reduz o tempo de contato da gota |
| Radiação solar | Moderada | Alta radiação aquece a superfície foliar |
3. Fatores operacionais
-
pH da calda entre 5,0 e 6,5;
-
Volume de calda adequado à cultura;
-
Uso de adjuvantes umectantes e espalhantes para prolongar o tempo de contato da gota.
Absorção e assimilação: o destino final do nutriente
Após penetrar no tecido foliar, o nutriente se liga a moléculas carreadoras, sendo transportado até o local de atuação metabólica.
Por exemplo:
-
Nitrogênio (N): convertido em aminoácidos e proteínas;
-
Magnésio (Mg): forma o centro da molécula de clorofila;
-
Zinco (Zn) e Manganês (Mn): ativam enzimas da fotossíntese e da respiração;
-
Boro (B): atua na integridade de membranas e crescimento celular.
Importante:
A eficiência real da adubação foliar não é medida apenas pela coloração verde mais intensa, mas pelo melhor desempenho metabólico da planta, refletido em crescimento, pegamento e enchimento de grãos ou frutos.
Adubação foliar como ferramenta estratégica
A aplicação foliar não substitui a adubação de solo, mas complementa o manejo nutricional em momentos críticos.
Ela deve ser utilizada para:
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Corrigir deficiências pontuais rapidamente;
-
Atuar em picos de demanda fisiológica (florescimento, enchimento);
-
Mitigar estresses bióticos e abióticos;
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Estimular rotas metabólicas específicas, como fotossíntese e transporte de açúcares.
Integração inteligente:
A combinação entre solo e folha é o que garante o máximo aproveitamento dos nutrientes e o equilíbrio fisiológico da planta.
Conclusão: fisiologia e manejo lado a lado
A absorção foliar é um processo complexo, controlado por interações físico-químicas e fisiológicas.
Para alcançar máxima eficiência, é fundamental alinhar:
-
Formulação adequada ao nutriente e à cultura;
-
Momento fisiológico da planta;
-
Condições ambientais ideais;
-
Boas práticas de aplicação.
Quando esses fatores atuam em conjunto, a adubação foliar deixa de ser uma prática empírica e se torna uma ferramenta científica de manejo nutricional de precisão.
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