Por que falar sobre manutenção é falar de produtividade

Quando se pensa em plantabilidade, muitos imaginam discos, sementes e velocidade de plantio.
Mas, na prática, a eficiência do plantio começa antes de entrar no campo — e está diretamente ligada à manutenção e à regulagem correta da máquina.

Segundo o professor Paulo Arbex (UNESP/Botucatu), especialista e coordenador do Grupo de Plantio Direto (GPD), a manutenção é a base de toda boa operação:

“Manutenção é preservar as condições originais da plantadeira, como se ela permanecesse nova sempre.”

Cuidar da máquina não é apenas trocar peças, e sim garantir que cada componente cumpra sua função — do corte da palhada até a deposição final da semente.

O que é manutenção e por que ela impacta tanto o resultado

A manutenção pode ser dividida em três tipos, e entender cada uma delas é essencial:

Cada tipo tem seu papel, mas o foco deve estar na preventiva e preditiva.
Elas reduzem custos, evitam paradas e asseguram regularidade na distribuição das sementes.

Conhecendo a máquina — e seus pontos críticos

Para regular bem, é preciso entender cada parte da plantadeira.
Cada componente tem uma função específica — e um erro simples em um deles pode comprometer toda a operação.

Disco de corte

Responsável por cortar a palhada.

Erro comum: usar o disco de corte para sulcar o solo.
O certo: ele deve apenas cortar, e o sulcador deve romper o solo.

Sulcador (botinha ou disco duplo)

• Botinha: rompe o solo superficial (12 a 15 cm) — ideal para compactação leve.

• Disco duplo: indicado para áreas com muita palhada e solo bem estruturado.

Dosador de sementes

É o coração da máquina, o responsável pela precisão do plantio.
Dosadores sujos, desalinhados ou com borrachas ressecadas causam falhas e duplas — e reduzem a uniformidade de emergência.

Rodas limitadoras e compactadoras

• Limitam a profundidade da semente (o “detalhe de ouro” da plantabilidade).

• Compactam o solo, eliminando bolsões de ar e garantindo o contato solo-semente.

“Uniformidade de profundidade significa uniformidade de emergência — e isso é produtividade.”

Checklist de manutenção e regulagem

Antes de entrar na lavoura, é indispensável revisar cada linha da plantadeira.
O checklist prático evita falhas simples que custam caro no campo.

Principais pontos de verificação:

1. Disco de corte: diâmetro mínimo e pressão correta da mola.

2. Sulcador: sem empenos ou folgas; ajuste de profundidade uniforme.

3. Dosador: limpo, calibrado e com vedação em dia.

4. Tubo condutor: sem rebarbas ou curvaturas alteradas.

5. Rodas compactadoras: pressão equilibrada entre linhas (diferença máx. de 5 kg).

6. Transmissões: correntes e engrenagens alinhadas e lubrificadas.

7. Peças de desgaste: molas, buchas e rolamentos substituídos no tempo certo.

Dica prática:
Faça sempre a pré-regulagem no barracão, com o auxílio de simuladores e roletes de teste.
Isso economiza tempo no campo e evita ajustes de última hora.

As ferramentas que transformam manutenção em ciência

A tecnologia mudou a forma como se avalia o desempenho da máquina.
O GPD desenvolveu ferramentas e métodos que tornam o processo técnico, mensurável e padronizado:

• Roletinho simulador: permite testar o sistema de transmissão sem sair do barracão.

• Esteira de plantabilidade: simula a deposição de sementes e compara o resultado com o campo.

• Células de carga: medem a pressão de molas e o ângulo de ataque do disco.

• Aplicativo GPD: calcula o coeficiente de variação (CV), falhas e duplas de forma prática.

“O que dá bom na esteira, dá bom no campo. A correlação é direta.”
— Prof. Paulo Arbex

Avaliar é parte da manutenção

Manter e regular é importante, mas avaliar é o que garante aprendizado contínuo.
Segundo Arbex, “quem avalia mais, erra menos”.

Durante e após o plantio, é essencial medir:

• População real de sementes por metro;

• Espaçamento entre sementes;

• Profundidade de deposição;

• Coeficiente de variação (CV) da distribuição.

Um CV abaixo de 20% indica plantio uniforme e de alta qualidade.
Valores acima de 30% exigem revisão da máquina — ou da semente.

Erros mais comuns na manutenção e regulagem

Durante o curso, Arbex destacou os deslizes mais frequentes observados no campo:

1. Regular a máquina no campo e não no barracão.

2. Usar o disco de corte para sulcar.

3. Ignorar o desgaste de peças.

4. Confiar apenas na média dos resultados.

5. Não testar a vazão real do adubo.

6. Fazer “gambiarras” e improvisos.

7. Não alinhar os componentes da linha de plantio.

8. Deixar de avaliar o resultado do plantio.

9. E o maior erro de todos: não buscar conhecimento técnico.

“A plantadeira é seu patrimônio. E conhecimento técnico é o que garante que ela trabalhe no limite do seu potencial.”

Manutenção é investimento, não custo

Uma simples revisão de molas, buchas e rolamentos pode custar R$ 1.500, mas uma única falha de plantio em um talhão pode representar muito mais em perda de produtividade.
O custo da manutenção é o seguro da eficiência.

E quando o operador entende por que está ajustando cada componente — e não apenas como — a operação passa de mecânica para estratégica.

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Se você quer dominar a regulagem e a manutenção da sua plantadeira com método, prática e embasamento técnico, o curso “Manutenção e Regulagem de Máquinas” está disponível agora na Academia da Plantabilidade.

Você vai aprender:

• Como identificar e corrigir falhas antes do plantio;

• O passo a passo do checklist profissional;

• Como avaliar o coeficiente de variação (CV);

• E ainda receber uma apostila técnica exclusiva, desenvolvida com base nas pesquisas do GPD.

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Prof. Paulo Arbex – UNESP/Botucatu | Grupo de Plantio Direto

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“Quem entende a máquina, entende de plantabilidade.”