Erros na Adubação: Entenda o que compromete a eficiência

Por My Farm Agro  — Cuiabá/MT

A adubação é um dos pilares fundamentais da agricultura moderna. É por meio dela que os nutrientes essenciais são repostos ao solo, garantindo o equilíbrio químico e a disponibilidade adequada para as plantas.
Mas, apesar de sua importância reconhecida, erros no manejo da adubação ainda são frequentes — e têm impactos diretos sobre a produtividade, os custos e a sustentabilidade do sistema produtivo.

Neste artigo, você vai entender o papel da adubação, quais são os principais erros cometidos, o que afeta sua eficiência e como otimizar cada etapa do processo para alcançar resultados consistentes no campo.

O papel da adubação na produtividade agrícola

A adubação tem a função de suprir os nutrientes que o solo não consegue fornecer em quantidade suficiente para atender às exigências das culturas.
Durante o ciclo produtivo, as plantas removem nutrientes do solo em diferentes proporções — e sem reposição adequada, ocorre o empobrecimento químico e fisiológico do ambiente radicular.

Mais do que “alimentar a planta”, adubar é construir um ambiente fértil, capaz de sustentar o desenvolvimento radicular, favorecer a absorção de nutrientes e reduzir perdas por fixação, lixiviação ou imobilização.

Quando bem feita, a adubação:

  • Corrige deficiências específicas;

  • Mantém níveis adequados de nutrientes no solo;

  • Aumenta a eficiência fisiológica das plantas;

  • Contribui para a sustentabilidade do sistema agrícola.

Os maiores erros na adubação

Mesmo com acesso a informação e tecnologia, muitos sistemas ainda repetem práticas tradicionais que reduzem a eficiência e elevam custos. Entre os principais erros estão:

1️⃣ Adubar sem diagnóstico

A ausência de uma análise de solo representativa é um dos erros mais comuns.
Sem conhecer o nível atual de nutrientes e a acidez, a adubação se torna um palpite — podendo resultar tanto em deficiência quanto em excesso.

Segundo o Prof. Felipe Bertol, 80% dos erros em recomendações começam na amostragem incorreta.

2️⃣ Interpretação incorreta dos resultados

Mesmo com uma boa amostragem, a interpretação errada dos resultados leva a decisões imprecisas.
Cada região utiliza diferentes extratores e manuais de referência (como resina, Mehlich-1, ou Boletim 100), e confundir os parâmetros pode alterar completamente a recomendação de doses.

3️⃣ Calagem mal dimensionada

A calagem é a base da fertilidade.
Quando feita de forma incorreta — com dose insuficiente ou sem considerar a saturação por bases e o alumínio tóxico — compromete todo o aproveitamento dos nutrientes aplicados.

Como ensina o Prof. Godofredo Vitti, sem corrigir o pH, não há adubação eficiente.

4️⃣ Adubação desbalanceada

Outro erro frequente é repetir a adubação de anos anteriores, sem considerar o histórico de produtividade ou o nível de reposição do solo.
O excesso de um nutriente pode reduzir a absorção de outro, provocando desequilíbrios nutricionais.

Exemplo:

  • Excesso de potássio reduz absorção de cálcio e magnésio;

  • Excesso de fósforo pode bloquear micronutrientes metálicos (como Zn e Cu).

5️⃣ Negligência com os micronutrientes

Micronutrientes como Boro, Zinco, Cobre e Ferro são aplicados em pequenas quantidades, mas têm grande impacto na fisiologia vegetal.
Ignorá-los pode limitar o potencial produtivo mesmo em solos bem corrigidos.

A ausência de micronutrientes é o “detalhe invisível” que separa solos férteis de solos produtivos.

Fatores que afetam a eficiência da adubação

A eficiência da adubação depende da interação entre o solo, o fertilizante e o manejo adotado.
Os principais fatores que reduzem a eficiência incluem:

  • pH inadequado (baixa disponibilidade de nutrientes);

  • Deficiência de cálcio e magnésio no perfil;

  • Textura do solo (fixação ou lixiviação de nutrientes);

  • Falta de integração entre análise química e manejo físico;

  • Aplicações superficiais em solos compactados;

  • Escolha incorreta da fonte ou momento de aplicação.

Esses fatores explicam por que a mesma dose de adubo pode gerar resultados totalmente diferentes em solos distintos.

Pontos críticos no manejo da adubação

  1. Amostragem representativa – seguir rigorosamente os protocolos (profundidade, número de amostras e subdivisão de talhões);

  2. Interpretação técnica – utilizar o manual e o extrator corretos;

  3. Correção antes da adubação – nunca adubar sem corrigir acidez;

  4. Equilíbrio entre nutrientes – respeitar relações Ca:Mg:K;

  5. Uso racional de insumos – pensar em reposição, não apenas produtividade imediata;

  6. Monitoramento constante – reavaliar anualmente o comportamento do solo.

Como otimizar a adubação e aumentar a eficiência

Para alcançar maior eficiência no uso dos fertilizantes, é preciso aplicar o conceito dos 4 Cs da adubação:

  1. Fonte certa – escolher o fertilizante adequado ao solo e à cultura;

  2. Dose certa – baseada em análise e necessidade de reposição;

  3. Local certo – garantir posicionamento próximo à zona radicular;

  4. Momento certo – sincronizar oferta com demanda da planta.

Quando esses princípios são aplicados em conjunto, o resultado é um sistema mais eficiente, produtivo e economicamente sustentável.

Conclusão

A adubação não é apenas uma etapa do manejo — é uma estratégia de construção da fertilidade do solo.
E cada erro, por menor que pareça, pode representar perdas de produtividade e recursos.
Por isso, compreender o solo, interpretar dados corretamente e aplicar os nutrientes com critério técnico é o que diferencia quem “aplica insumo” de quem constrói eficiência e rentabilidade.

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