Manejo integrado de doenças no algodão: Estratégias para preservar a produtividade

Por My Farm Agro  — Cuiabá/MT

A frequente ocorrência de surtos epidêmicos em plantações de algodão se tornou um desafio crescente, resultando em perda de produtividade e aumento dos custos de produção.

Com extensas áreas de lavouras e a utilização de poucas variedades, muitas suscetíveis às mesmas doenças, torna-se imperativo adotar medidas eficazes de manejo.

As doenças desempenham um papel crucial na produção de algodão, responsáveis por uma significativa redução na produtividade física e econômica. Atualmente, reconhecemos cerca de 250 microrganismos capazes de causar doenças no algodoeiro, com os fungos representando 90% desse contingente.

Portanto, investir na identificação correta dos sintomas das principais doenças e pragas que afetam a cultura se faz essencial, com monitoramento realizado por técnicos rigorosamente treinados.

E é isso que vamos aprender no artigo de hoje.

Principais doenças do algodoeiro: Desafios e características

Dentre as doenças que causam maiores prejuízos na cultura, destacam-se o Tombamento (Rhizoctonia solani), Ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides), Ramulária (Ramularia areola), Mancha Angular (Xanthomonas axonopodis pv. malvacearum), Mancha de Alternaria (Alternaria alternata) e Murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum f.sp. vasinfectum) (RICHETTI et al., 2003).

Detalhes das principais doenças:

Mancha de ramulária (Ramularia areola): Lesões angulares, esporulação branca na face inferior da folha, podendo levar à desfolha precoce.

Mancha alvo (Corynespora cassiicola): Pontos circulares iniciais, evoluindo para manchas arredondadas ou irregulares com desfolha precoce.

Ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides): Lesões necróticas estreladas, ramificação dos galhos e superbrotamento.

Mancha angular (Xanthomonas citri subsp. malvacearum): Lesões angulares com evolução para coloração parda e necrosada, podendo levar à rasgadura do limbo foliar.

Murcha de fusário (Fusarium oxysporum f. sp. vasinfectum): Perda de turgescência, amarelecimento, murcha das folhas e morte prematura das plantas.

Mancha de alternária (Alternaria macrospora): Manchas circulares de coloração marrom com halos amarelos ou arroxeados.

Outras doenças relevantes:

Apodrecimento de maçãs diversas: Lesões circulares ou irregulares com coloração parda ou azulado-escura e deprimida na parte central.

Tombamento: Lesões deprimidas no hipocótilo com coloração pardo-avermelhada a pardo-escura, podendo causar estrangulamento e morte da planta.

Mela (Rhizoctonia solani): Lesão aquosa zonada nas folhas cotiledonares, secamento dos cotilédones e morte das plantas.

Doença azul (Cotton leafroll dwarf virus – CLRDV): Mosaico das nervuras, encurtamento de internódios, redução do porte das plantas e tonalidade verde-escura nas folhas mais velhas.

Mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum): Murcha, secamento, necrose e podridão úmida em hastes, pecíolos e maçãs.

Manejo integrado de doenças no algodão: Estratégias eficientes

Implementar um programa eficaz de Manejo Integrado de Doenças (MID) se mostra fundamental para preservar a produtividade do algodoeiro. Esse enfoque abrange múltiplos métodos para prevenir, suprimir ou controlar pragas e doenças.

Passos-chave do MID:

Monitoramento e Diagnóstico: Estabeleça um sistema regular de monitoramento para detectar precocemente sinais de doenças.

Utilize tecnologias avançadas, como sensores remotos e análise de imagens, para avaliação aérea das condições da cultura.

Identificação de agentes patogênicos:

Realize análises laboratoriais para identificar os agentes patogênicos responsáveis pelas doenças. Utilize técnicas de biologia molecular para identificação rápida e precisa.

Métodos de controle:

Controle cultural: Escolha variedades resistentes. Pratique a rotação de culturas. Ajuste práticas de plantio e espaçamento.

Controle biológico: Utilize organismos benéficos para manter o equilíbrio biológico. Empregue microrganismos antagonistas para suprimir patógenos.

Controle químico: Use fungicidas criteriosamente, seguindo recomendações de especialistas. Evite aplicação excessiva e rotacione diferentes mecanismos de ação.

Controle genético: Adote variedades geneticamente modificadas resistentes. Utilize técnicas de melhoramento genético convencional.

Desenvolvimento do programa de manejo integrado:

Avaliação inicial: Identifique doenças predominantes e analise condições climáticas e do solo. Estabelecimento de Metas: Defina metas realistas para redução do impacto das doenças. Monitoramento Contínuo: Implemente um sistema contínuo de monitoramento. Integração de Técnicas: Combine métodos de controle de forma sinérgica. Avaliação Periódica: Avalie regularmente a eficácia do programa. Realize ajustes conforme necessário.

Ao implementar um programa de Manejo Integrado de Doenças no algodão, os produtores controlam efetivamente as doenças e contribuem para a sustentabilidade a longo prazo da cultura, minimizando os impactos ambientais e otimizando os recursos disponíveis.

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