Solos: Diversificação de sistemas de cultivo

Por My Farm Agro  — Cuiabá/MT

MANEJO DO SOLO

O solo é a base de toda a agricultura. É nele que as raízes encontram suporte, água, nutrientes e abrigo para bilhões de microrganismos que sustentam a produtividade das lavouras.
Mas apesar de sua importância, o solo ainda é um dos recursos mais negligenciados dentro dos sistemas produtivos.

A nova série da FarmFlix, Como Construir um Solo Produtivo e Resiliente, apresentada pela pesquisadora Larissa Bortolo (Fundação MT), mostra — de forma técnica e prática — como o manejo certo transforma o solo em um sistema vivo, equilibrado e sustentável.

O papel do solo nos sistemas produtivos

Mais do que um suporte físico, o solo é um ecossistema ativo, que integra processos físicos, químicos e biológicos.
Um solo saudável:

  • Regula o fluxo e o armazenamento de água;

  • Favorece a ciclagem de nutrientes;

  • Promove o sequestro de carbono;

  • Reduz a erosão e aumenta a estabilidade da lavoura.

Quando manejado de forma inadequada — com revolvimento excessivo, ausência de rotação ou baixa cobertura —, o solo perde vida, estrutura e produtividade.
Por isso, entender o manejo integrado do solo é essencial para manter a sustentabilidade do agro.

Diversificação: o caminho para a resiliência

A diversificação de sistemas é uma das estratégias mais eficazes para construir resiliência agrícola.
Ela consiste em alternar ou integrar diferentes espécies vegetais ao longo do tempo, garantindo cobertura contínua e diversidade biológica.

Essa prática:

  • Melhora a estrutura física do solo;

  • Aumenta a matéria orgânica;

  • Reduz a ocorrência de pragas e doenças;

  • Estimula a microbiota e melhora o equilíbrio ecológico.

A diversificação permite que o solo funcione de maneira mais completa — vivendo o ano inteiro e não apenas durante o ciclo das culturas comerciais.

Tipos de sistemas de cultivo

Para aplicar a diversificação de forma eficiente, é importante entender os diferentes tipos de sistemas agrícolas:

Sistema Características Exemplo
Monocultivo Mesma cultura ano após ano. Alta vulnerabilidade e degradação. Soja contínua
Sucessão Alternância entre duas culturas principais. Soja → Milho
Rotação de culturas Alternância planejada com espécies de diferentes famílias e funções. Soja + Braquiária → Milho + Crotalária

A rotação de culturas é a forma mais completa de diversificação, pois integra funções biológicas, químicas e físicas em um mesmo sistema, gerando maior estabilidade produtiva ao longo dos anos.

Plantas de cobertura: vida sob o solo

As plantas de cobertura são o elo entre sustentabilidade e produtividade.
Elas atuam protegendo o solo contra erosão, melhorando a infiltração de água, aumentando o carbono e promovendo a vida microbiana.

Principais benefícios:

  • Proteção física: cobertura contínua contra chuva e sol.

  • Melhoria da estrutura: formação de bioporos pelas raízes.

  • Aumento da fertilidade: ciclagem de nutrientes e matéria orgânica.

  • Ativação biológica: estímulo à microbiota e às enzimas do solo.

Como escolher a planta de cobertura ideal:

A escolha deve levar em conta as condições da área e o objetivo do manejo:

Objetivo Espécies recomendadas Observações
Aumentar biomassa Braquiária, Panicum Alta produção de palhada
Controlar nematoides Crotalária spectabilis Evitar em áreas com mofo branco
Melhorar estrutura Nabo forrageiro Pode aumentar nematoide meloidógeno
Integração lavoura-pecuária Braquiária ruziziensis Compatível com milho e soja

Um erro comum é escolher a planta apenas pela facilidade de semeadura.
Na prática, o sucesso depende de planejar o sistema como um todo.

Indicadores de saúde do solo: como avaliar a vida abaixo da superfície

A saúde do solo é determinada pelo equilíbrio entre seus atributos físicos, químicos e biológicos.
Por isso, os indicadores devem refletir essa integração.

Principais indicadores:

1. Físicos:

  • Densidade do solo

  • Estabilidade de agregados

  • Infiltração e retenção de água

2. Químicos:

  • pH, nutrientes e matéria orgânica

  • Capacidade de troca catiônica (CTC)

  • Saturação por bases

3. Biológicos:

  • Atividade enzimática (β-glicosidase e riossulfatase)

  • Respiração microbiana

  • Carbono orgânico total

Ferramentas práticas de avaliação:

  • BioAS (Embrapa): mede enzimas ligadas à ciclagem de C e S.

  • Kit de Saúde do Solo (USP): avaliação rápida e visual em campo.

  • SMEF: índice ponderado que combina dados físicos, químicos e biológicos.

Essas ferramentas permitem diagnosticar precocemente alterações no solo, antes mesmo de a produtividade cair.

 O resultado: produtividade sustentável e duradoura

Pesquisas de longa duração no Mato Grosso e Matopiba comprovam:
Sistemas diversificados apresentam maior teor de carbono, maior atividade biológica e estabilidade de produção mesmo em anos de seca.
Solos com boa saúde mantêm o equilíbrio entre vida, estrutura e produtividade, reduzindo a dependência de insumos e o risco de perda econômica.

Produzir com sustentabilidade não é reduzir produtividade — é garantir que ela dure por décadas.

Assista à série completa na FarmFlix

Quer entender, na prática, como aplicar tudo isso na sua realidade?
Acesse agora a nova série FarmFlix – “Como Construir um Solo Produtivo e Resiliente”, com Larissa Bortolo (Fundação MT), e aprenda como transformar o solo da sua fazenda em um sistema vivo e estável.

Assista agora: myfarmagro.com/farmflix

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